Quando começamos a investir, há termos que parecem sinónimos, mas escondem diferenças importantes. ETF, ETN e ETP são três desses casos. Todos se negociam em bolsa e permitem investir em índices, commodities ou até criptomoedas. 📈 No entanto, a forma como cada um é estruturado muda completamente o risco que estás a assumir e o tipo de propriedade que realmente tens.
💰ETF (Exchange-Traded Fund): O Produto Mais Comum
Um ETF (Exchange-Traded Fund) é o produto mais conhecido. Trata-se de um fundo que compra ativos reais, como ações, obrigações ou ouro, e divide esse conjunto em pequenas partes que são negociadas como ações.
Quando compras um ETF, passas a ser dono de uma fatia do fundo. Se o fundo detém ações da Apple e da Tesla, tu tens uma parte dessas empresas. Mesmo que a entidade gestora feche portas, os ativos continuam a existir. São vendidos e os investidores recebem o que lhes pertence. É por isto que os ETFs têm baixo risco estrutural, salvo nos casos de produtos alavancados ou inversos.🛡️
⚠️ ETN (Exchange-Traded Notes): A Promessa do Banco
Os ETNs (Exchange-Traded Notes) funcionam de forma completamente diferente. Aqui não existe fundo nem ativos reais. Estás a comprar uma nota de dívida emitida por um banco. O banco promete pagar-te o retorno de um índice ou mercado, mas tu não és dono de nada. Apenas tens uma promessa.
Se o banco falir, o dinheiro pode simplesmente desaparecer. 📉 Os ETNs são usados para aceder a coisas que são difíceis de replicar diretamente, como volatilidade, petróleo ou certas matérias-primas. Mas carregam risco de crédito significativo.
📋 ETP (Exchange-Traded Product): A Categoria Mais Abrangente
O termo ETP (Exchange-Traded Product) é a categoria mais abrangente que engloba tudo o que se negoceia em bolsa com o objetivo de replicar um ativo. Dentro desta categoria estão tanto os ETFs como os ETNs e também os ETCs usados para metais preciosos ou energia.
Um ETP pode ter ativos físicos por trás, como ouro ou Bitcoin, ou pode ser apenas um certificado emitido por um banco. A autonomia do nome ETP vem do facto de a estrutura legal poder variar bastante.
🔑 A Diferença Prática
A diferença prática entre eles está no que realmente deténs.
Num ETF, és dono de uma parte do fundo e dos ativos lá dentro.
Num ETN, és credor de um banco e sujeito ao risco de o banco falir.
Num ETP, depende da estrutura adotada.
Por isso, antes de investir, vale sempre a pena abrir o prospeto e procurar duas expressões-chave:
🔎 “Physically backed” indica que há ativos reais a garantir o produto.
🏦 “Issued by [nome do banco]” indica que estás perante uma nota de dívida, logo existe risco de contraparte.
💡 O Caso do IB1T: Porquê ETP e não ETF?
Agora a parte curiosa. Há pouco tempo, alguém perguntou porque é que na DEGIRO o produto IB1T aparece como ETP e não como ETF, já que é da iShares e replica o preço do Bitcoin.
O IB1T, ou iShares Bitcoin ETP (Acc), é um excelente exemplo para perceber como estas categorias funcionam e porque os nomes importam. Apesar de ser emitido pela BlackRock e de funcionar quase como um ETF tradicional, não é um fundo. É um ETP.
O motivo é simples. Na Europa, para algo ser considerado ETF, tem de obedecer às regras UCITS, que exigem diversificação mínima e uma estrutura de fundo aberta. O problema é que o Bitcoin é um único ativo, altamente volátil, e não cumpre esses critérios. 🚫
Por isso, para oferecer exposição direta ao Bitcoin em bolsa europeia, os emissores recorrem a ETPs lastreados fisicamente, que representam uma quantidade específica de Bitcoin guardado em “cold storage”.
No caso do IB1T, cada unidade corresponde a uma fração de Bitcoin realmente detida pela BlackRock. Porém, como essa estrutura não cumpre os requisitos UCITS, não pode ser classificada como ETF. Continua a ser seguro dentro do que é possível neste mercado, já que é colateralizado com Bitcoin real, mas legalmente é um ETP.
A DEGIRO etiqueta-o como tal para deixar claro que, apesar de ser um produto iShares e de ser muito parecido com um ETF, não tem a mesma proteção regulatória. Um ETF é um fundo. O IB1T é um certificado colateralizado. A diferença é pequena em funcionamento, mas enorme em termos legais.
No fim de contas, o IB1T é uma forma simples, barata e transparente de investir em Bitcoin sem lidar com carteiras digitais ou chaves privadas. No entanto, mantém um risco estrutural diferente do de um ETF tradicional.
✅ Resumindo:
ETFs são fundos que detêm ativos reais.
ETNs são notas de dívida de bancos.
ETPs são o termo geral que inclui ambos.
E no caso do IB1T, o rótulo de ETP existe porque, apesar de ser fisicamente garantido e emitido por uma entidade gigante como a BlackRock, é a única estrutura legal possível para oferecer exposição direta ao Bitcoin fora do quadro UCITS. ⚖️
No fim, perceber estas diferenças evita surpresas e ajuda-te a escolher produtos que se alinham com o teu objetivo, o teu nível de conforto e o risco que estás realmente disposto a assumir.





